segunda-feira, 9 de março de 2009

Magia

A prática da magia é de origem antiga, sendo encontrada em todo o mundo. A magia é uma força que combina a energia psíquica com os poderes da vontade, para produzir os efeitos "sobrenaturais", provocar as respectivas mudanças e controlar os eventos da Natureza. Aumenta o fluxo de divindade e pode ser usada para propósitos construtivos assim como destrutivos.

A magia é uma força neutra que em si não é boa nem má. A direção do bem ou do mal é determinada pelo praticante. Entretanto, como o carma retorna por três vezes para todas as pessoas pelos seus atos nesta vida, seria atitude de autodestruição para qualquer Bruxo ou mago utilizar a magia para causar danos a alguém.

Como uma ferramenta da Arte Wicca, a forma antiga da palavra "magick" (em inglês, com k no final) é usada muitas vezes pelos Bruxos para distingui-la de "magic", que não pertence à Arte, mas sim ao teatro, ao truque com as mãos e à ilusão.

A magia (magick) é uma ferramenta poderosa. É parte importante da Wicca, embora secundária na adoração à Deusa e ao Deus. Deve ser usada de maneira sábia, cautelosa e somente de maneira positiva. A magia é algo muito sério e nunca deverá ser abusada ou tratada como um jogo de salão ou brincadeira. Nunca deve ser utilizada para manipular a vontade ou as emoções de outra pessoa, e deve ser mantido sempre em mente o conselho wiccano: SEM PREJUDICAR NINGUÉM, REALIZE A SUA VONTADE.

Assim como existem várias tradições wiccanas diferentes, a magia também assume várias formas. Existe a magia cerimonial, a magia cabalística, a magia dos nativos americanos (também conhecida como xamanismo), o Vudu e muitas outras. A escolha da forma (ou formas) correta da magia a ser praticada depende somente da preferência pessoal do Bruxo e/ou da tradição wiccana, embora vários Bruxos escolham praticar a magia folclórica de influência européia.

A lua e cada uma de suas fases são a parte mais essencial da magia, sendo extremamente importante que os encantamentos e os rituais sejam realizados durante a fase lunar apropriada. A lua crescente (período entre a lua nova durante o primeiro quarto até a lua cheia) é o momento apropriado para realizar a magia positiva e os encantamentos que aumentem o amor, a sorte, o desejo sexual e a riqueza. A lua cheia aumenta a percepção extra-sensorial e é o momento ideal para realizar as invocações à Deusa lunar, os rituais de fertilidade e encantamentos que aumentem as habilidades psíquicas e sonhos proféticos. A lua minguante (época entre a lua cheia durante o último quarto até a lua nova) é o momento apropriado para realizar a magia destrutiva, os encantamentos negativos e feitiços que retirem as maldições, para terminar maus relacionamentos, reverter encantamentos de amor e afrodisíacos, acabar com maus hábitos e diminuir febres, dores e doenças.

Resumindo, para realizar magia bem-sucedida deve-se estar em harmonia com as leis da Natureza e com a psiquê. é importante possuir conhecimento mágico, corpo e mente saudáveis e capacidade de aceitar a responsabilidade pelas suas próprias ações. é impossível obter magicamente resultados positivos se o seu nível de energia estiver baixo ou se o seu corpo estiver contaminado por drogas prejudiciais e/ou quantidades excessivas de álcool. Deve-se trabalhar durante a fase lunar apropriada, com convicção, concentração e visualização do resultado final.

Fonte: 'Wicca - A Feitiçaria Moderna', de Gerina Dunwich

quarta-feira, 4 de março de 2009

Druidismo

Toda religião geralmente começa com uma REVELAÇÃO ou com uma figura real ou mítica que passou essa revelação.No caso do druidismo essas origens se perderam no tempo. É também um assunto muito controverso, do ponto de vista histórico, a origem dos druidas. A palavra "druida" origina-se provavelmente do proto-indo europeu "dru-id" que significa "Homem sábio". Para outros havia uma palavra mais abrangente que nos dá uma idéia da função dos druidas: seria dru=forte, uid=ver; idein= saber e ver, ou seja, eram os homens que percebiam além da realidade terrena, uniam a natureza ao sagrado.
Outros dizem significar Homens do carvalho, pois os druidas veneravam esta árvore e dela extraíam o visco, importante para cura de doenças, rituais, etc. Acredita-se que, quando os celtas se organizaram e se desenvolveram, encontraram sábios de uma religião dos primitivos povos daquela região e os incorporaram à sua cultura. Fica, porém, a pergunta: que povo foi esse? Se analisarmos as lendas e mitos celtas elas nos dizem que esses sábios vieram das ilhas do norte do mundo, trazidos pelo povo da deusa Dana, o povo divino, envolto por brumas de origem mágica. Segundo a tradição esotérica, os druidas vieram da região Hiperbória, localizada no Círculo Ártico que fazia parte da Atlântida. Com as diversas eras glaciais esse povo migrou para o sul abrangendo toda a região das Gálias (França, Bélgica, Espanha, Portugal e posteriormente as Ilhas Britânicas e Irlanda. Os povos que lá viviam os respeitaram, chamando-os de Semnothées ou adoradores do DEUS Único. O druidismo chega então ao seu auge quando a civilização celta beneficiada e encantada com o valor dos druidas, adotou-os como seus mestres e orientadores.
Os druidas e druidesas formavam a classe mais importante na sociedade celta, pois esta era uma sociedade onde tudo se articulava em volta do sagrado. Os druidas estudavam muitos anos (cerca de 20 anos) e as crianças já eram, desde cedo, entregues à suas escolas onde passavam por um aprendizado difícil e rígido. Na realidade havia especializações entre os druidas de acordo com a sua vocação.Basicamente temos três tipos: os druidas ou druidesas que formavam a classe profissional: eram os professores, matemáticos, astrônomos, filósofos, cientistas, juristas e os médicos que eram encarregados não só da cura das doenças como da preservação do bem estar físico e psíquico do povo. Além disso, também assumiam funções que hoje em dia chamaríamos de sacerdotes encarregados de realizar os ritos, as festas, a sagração do rei, etc. Os druidas - vates eram especializados nas advinhações, conversas com os ancestrais e profecias do futuro e os Bardos - "os guardiões das Tradições", das artes, da memória das tribos... enfim, eram encarregados de preservar toda a sabedoria sagrada do mundo. Como vimos não podemos chamar os druidas de sacerdotes no sentido comum tão múltiplas eram suas funções embora uma coisa seja certa: nenhuma dessas funções era desligada do conceito do sagrado.
Crenças dos Druidas
O druidismo era monoteísta ao contrário do que sempre se ensinou. Era o DIS-PATER (o deus dos céus), o grande deus que deu origem ao mundo.Havia, entretanto, cerca de 300 divindades locais que na maioria dos casos era a mesma divindade com vários nomes dependendo da região; eram os responsáveis pela colheita, o lar, etc. A magia entre os celtas era uma prática fundamental e importante. Não tomemos magia no sentido pejorativo que se deu posteriormente. No druidismo ela tem um sentido de uma arte ou ciência oculta que, através de ritos executados por pessoas de conhecimento, traziam benefícios ao Homem. Este, aliás, é o real sentido da magia que reside em, nada mais nada menos, na compreensão e entendimento das forças da natureza usadas em benefício do homem É uma ligação entre o visível e o invisível, a ciência e a arte parte de uma sabedoria antiga e mantida através dos iniciados.A magia que nos chegou dos celtas foi pouca, entretanto, e ficou restrita a alguns guardiões da Tradição. A mais conhecida delas é a alquimia vegetal. Das plantas os druidas preparavam elixires, chás, misturas que conferiam principalmente saúde ou os preparavam para estados de transe que permitiam aumentar o nível de consciência. Das árvores eles também aumentavam a força e o vigor, abraçando-as. Sem dúvida o visco, extraído do carvalho, como já nos referimos, é o mais importante, pois curava a infertilidade dos animais e era um antídoto contra todos os venenos. Para recolher o visco havia um grande cerimonial druídico sempre seguindo as influências lunares. A lua foi reverenciada, simbolizando a Grande Deusa. Os celtas acreditavam na continuação da vida após a morte onde poderiam habitar as ilhas longínquas, envoltas em bruma, um verdadeiro paraíso. Também podiam voltar e encarnar em outro corpo. Reverenciavam do corpo humano, a cabeça, guardando o crânio dos mortos, pois acreditavam que nesta residia à alma imortal. Este fato gerou uma série de concepções erradas, pois, em túmulos e monumentos, foram encontrados crânios humanos que foram associados a sacrifícios humanos. Os celtas não construíram certos monumentos como Stonehenge, por exemplo. Pesquisas modernas provam que estas construções existiam muito antes dos celtas embora eles os usassem para rituais e observatórios astronômicos. A história ignora quem possa ter construído tais monumentos, mas os Iniciados afirmam que foram os druidas antes da chegada da civilização celta e que transportaram as pedras com a força mental. Dada à sua grande ligação com a natureza, os celtas cultuavam os elementais e tinham grande crença no mundo das fadas.
Rituais
Os rituais celtas eram realizados ao ar livre, em locais sagrados, sempre seguindo a roda do ano celta, pois seguiam os eventos naturais do ano. O calendário era lunar e associado aos eventos normais da natureza como os solstícios, equinócios e estações do ano. O início do dia era contado a partir do por do sol. Eram oito os principais rituais dos quais citaremos os quatro mais importantes:

SAMHAIM (atual HALLOWEEN) - a festa do ano novo, começando ao por do sol de 31 de outubro (outono no hemisfério norte). Era dedicada aos ancestrais e simbolizava a afirmação da vida. Era a noite da aproximação entre este mundo e o outro.
IMBOLC - celebrado a 1° de fevereiro; era a celebração da primavera e do início do plantio.
BELTANE - 1°de maio, o dia da vida e da escolha dos casamentos.
LUGHNASSADH - 1°de agosto, era o tempo das colheitas.

Os demais correspondiam ao solstício do inverno (YULE), equinócio da primavera, solstício do verão (período de grande contato com as fadas e os elfos) e o equinócio de outono.
Lendas e Mitos
Há uma enorme variedade de lendas e mitos celtas, pois foi através dessas lendas que nos chegou um maior conhecimento da filosofia celta. Seria impossível descrever todas essas lendas neste texto, pois daria um enorme livro.Só vou salientar algumas:
Os celtas diziam ter-se originado da deusa DANA que gerou a raça dos Thuata Dé Dánann, um povo que veio das brumas que envolviam as colinas distantes e para lá retornou após derrotar os gigantes que habitavam a região, os Fomoire. Daí desenvolveu-se a civilização celta. Os bardos ensinavam TRÊS grandes verdades: Deus, a verdade e o círculo de Gwynvyd. Para se atingir esse círculo, deve-se ter previamente experimentado todas as coisas e derrubado todas as limitações que prendem à vida física. Devemos reter o conhecimento das experiências anteriores, mas estas experiências, essas lembranças vêm à tona sem a carga de emoções, portanto sem dor ou sofrimento. É sempre assim a filosofia celta, aberta e alegre. Em quase todas as lendas o elemento de transformação está no símbolo do caldeirão.
Ele é o elemento de transformação seja espiritual seja física e pode conceder abundância, declínio, sabedoria, conhecimento e inspiração. Na lenda Ceridwenn, ela faz uma poção mágica para seu filho que deveria obter a sabedoria ao ingerir a poção. É Gyon, entretanto quem a toma, acidentalmente. Ceridwenn se enfurece e sai em sua perseguição. Por fim consegue engolí-lo sob a forma de grão que, fecundado, dá origem a Taliesin, o grande bardo. Ao bardo Taliesin atribuem-se um grande número de baladas e histórias. Uma delas conta que vários aventureiros desceram ao reino de ANNWN que é o submundo gaulês, a morada dos mortos. Esses aventureiros pretendiam se apossar do caldeirão de Pwyll (o grande senhor de Annwn). Este senhor mora no castelo dos quatro cantos. Simbolicamente os quatro cantos representam os quatro elementos da criação existindo em harmonia estável. Só os fortes se aproximavam pois os fracos podiam morrer. O caldeirão foi achado no centro de um quarto quadrado onde havia uma espiral (a espiral é o símbolo da morte e do renascimento). Esse caldeirão, provavelmente, é à base do Santo Graal, ou seja, o símbolo da iluminação e transformação espiritual. Existem ainda as conhecidas lendas do rei Artur e do mago Merlin que já vão surgir nos romances de cavalaria da Idade Média. Seria de todo impossível resumi-las em um único texto embora haja extensa literatura para os interessados em conhecê-las.
O Novo Druidismo
Após a invasão romana e a chegada do cristianismo, os druidas foram persuadidos a se converter ao cristianismo. Aqueles que se recusavam eram submetidos a intensas perseguições, torturas e mortes. Esses antigos druidas refugiaram-se nos mosteiros cristãos, particularmente na Irlanda, tornaram-se monges copistas e é graças a eles que o conhecimento secreto dos druidas foi mantido pois esses monges escreveram as suas tradições sob a forma de lendas e mitos que foram terminadas apenas no século XI. Por outro lado, é também graças a esses antigos druidas que mantivemos toda a cultura greco-romana intacta enquanto o resto da Europa se mantinha na escuridão da ignorância. Assim, oficialmente como monges, os druidas praticavam seus rituais e transmitiam seus ensinamentos ocultos oralmente e em segredo para que não caíssem em mãos erradas. Por outro lado, o druidismo oficial foi praticamente extinto em toda a Europa embora aparentemente tenha se conservado, em grande segredo, na maior parte das Ilhas Britânicas. Há também evidências de que o druidismo bem como outras religiões ditas pagãs sobreviveram em áreas isoladas da Estônia, Latvia e Lituânia até o nosso século. O conhecimento druídico ficou oculto na Arquitetura. Podemos ver vários símbolos druídicos nas grandes catedrais góticas européias. Dos mosteiros, a tradição druídica foi mantida pelos templários e, posteriormente pela franco-maçonaria. Após um longo período na obscuridade, o druidismo começa a sobreviver novamente quando, em 1717, o irlandês John Toland cria a "Druid order" e, pouco depois, em 1781, Henry Hurley, na Inglaterra, funda outra corrente a "Ancient Order of Druids" que posteriormente se subdividiu em diversas correntes, mas sempre sob a forma de seitas esotéricas que permaneciam em segredo. Finalmente, a partir principalmente da segunda década do século passado, o druidismo é amplamente praticado havendo várias ordens e grupos que ensinam e praticam os ideais druídicos em várias partes do mundo inclusive no Brasil, onde existe o Colégio Druídico do Brasil, em Niterói, estado do Rio de janeiro.

Considerações Finais

É preciso salientar que, apesar da grande importância que o druidismo vem tomando, poucos são os que sabem avaliar a profundidade desta filosofia. A compreensão do druidismo exige um desenvolvimento interior para que possamos entender toda a profundidade de sua mensagem. A formação de um druida é, e sempre foi, longa e árdua, exigindo grande dedicação. Se o discípulo está pronto, porém, valem todos os esforços, pois o druidismo é bem mais que uma religião ou uma filosofia - é um modo de viver.

Inquisição

9 milhões de bruxos foram mortos, 80% eram mulheres! (inclusive crianças)

A caça às bruxas

Será que você sabe o que aconteceu com os praticantes da bruxaria no passado?
Retiramos trechos de dois livros, talvez já conhecidos por vc, um livro: "Wicca, a feitiçaria moderna" e o outro: "A dancça cósmica das Feiticeiras", para que tenha um pequeno conhecimento sobre a perseguição contra os pagãos.
"... Após a Igreja Católica ter sido formada e haver adquirido poder, os costumes dos Pagãos foram vistos como uma ameaça ao sistema religioso recentemente estabelecido e a adoração dos Deuses da religião Antiga, foi banida. Os antigos festivais foram superados pelos novos feriados religiosos da Igreja, e os antigos Deuses da Natureza e da Fertilidade, transformados em terríveis e maléficos demônios e diabos. A igreja patriarcal chegou até a transformar várias Deusas pagãs em diabos masculinos e maus, não somente para corromper deidades da Religião Antiga, como, também para apagar o fato de o aspecto feminino ter sido objeto de adoração.
No ano de 1233, o Papa Gregório IX, instituiu o Tribunal Católico Romano, conhecido como Inquisição, numa tentativa de terminar com a heresia. Em 1320, a Igreja (a pedido do Papa João XXIII) declarou oficialmente que a Bruxaria, e a Antiga Religião dos Pagãos constituíam um movimento e uma "ameaça hostil" ao Cristianismo. Os bruxos tornaram-se heréticos e a perseguição contra todos os Pagãos, espalhou-se como fogo selvagem por toda a Europa. É interessante notar que, antes de uma pessoa ser considerada herética, ela tem, primeiro, que ser cristã, e os Pagãos nunca foram cristãos. Eles sempre foram Pagãos.
Os Bruxos (junto com um número incalculável de homens, mulheres e crianças inocentes, que não eram Bruxos), foram perseguidos, brutalmente torturados, por vezes violados sexualmente ou molestados, e, então, executados pelas autoridades sádicas, sedentas de sangue da Igreja, que ensinavam que seu Deus era um Deus de amor e compaixão. A Bruxaria na Inglaterra tornou-se uma ofensa ilegal no ano de 1541, e, em 1604, foi adotada uma Lei que decretou a pena capital para os Bruxos e Pagãos.
Quarenta anos mais tarde, as 13 colônias na América do Norte, decretaram também a pena de morte para o "crime de bruxaria". No final do século XVII, os seguidores que permaneciam leais à Religião Antiga, viviam escondidos, e a Bruxaria tornou-se uma Religião subterrânea secreta após uma estimativa de um milhão de pessoas ter sido levados à morte na Europa e mais de trinta condenados em Salem, Massachusetts, em nome do cristianismo.
Embora os infames julgamentos das Bruxas de Salem, em 1692, sejam os mais conhecidos e bem documentados na história dos Estados Unidos da América, o primeiro enforcamento de um Bruxo na Nova Inglaterra realmente aconteceu em Connecticut, em 1647, 45 anos antes que a história contra a Bruxaria se abatesse na Vila de Salem. Ocorreram outras execuções pré-Salem, em Providence, Rhode Island, em 1622. O método mais popular de extermínio dos Bruxos na Nova Inglaterra era a forca. Na Europa,, a fogueira. Outros métodos incluíam a prensagem até a morte, o afogamento, a decapitação e o esquartejamento.
Durante 260 anos, após a última execução de um Bruxo, os seguidores da Religião Antiga mantiveram suas práticas pagãs ocultas nas sombras do segredo e, somente após as Leis contra a Bruxaria terem sido finalmente revogadas na Inglaterra, foi que os Bruxos e Pagãos, em 1951, oficialmente saíram do quarto das vassouras..."
Star Hawk, em seu livro “A Dança Cósmica das Feiticeiras” nos traz:
"... O cristianismo, em seus primórdios, trouxe poucas mudanças. Os camponeses viam na história de Cristo somente uma versão nova de suas próprias lendas antigas sobre a Deusa Mãe e sua Criança Divina, que é sacrificada e nasce novamente. Sacerdotes rurais, com freqüência, comandavam a dança nas assembléias ou grandes festivais." Os covens, que guardam o conhecimento das forças sutis, eram clamados de Wicca ou Wicce, da palavra de raiz anglo-saxã, significando "curar ou moldar". Eram aqueles que podiam moldar o invisível de acordo com suas vontades. Curandeiros, professores, poetas e parteiras eram figuras centrais em todas as comunidades.
A perseguição começou lentamente. Os séculos XII e XIII assistiram ao renascimento de aspectos da Antiga Religião através dos trovadores, que escreviam poemas de amor para a Deusa sob o disfarce de damas da nobreza da época. Catedrais magníficas foram construídas em homenagem a Maria, que havia incorporado vários aspectos da antiga Deusa. A Feitiçaria foi declarada como um ato de heresia e, em 1324, um coven irlandês liderado por Dame Alice Kyteler foi levado a julgamento pelo bispo de Ossory por veneração a um deus não-cristão. Dame Kyteler salvou-se em virtude de sua condição social, mas os seus seguidores foram queimados.
Guerras, cruzadas, pragas e revoltas campesinas assolaram a Europa nos séculos que se seguiram. Joana D'Arc, a "DonzeIa de Orleans", conduziu para a vitória os exércitos da França, mas foi queimada como uma bruxa pelos ingleses. Donzela é um termo de muito respeito em Feit;çaria e foi sugerido que os camponeses franceses amavam tanto Joana D'Arc por ser ela, na verdade, uma líder da Antiga Religião." A estabilidade da Igreja havia sido abalada e o sistema feudal começara a ruir. O universo cristão foi tomado por movimentos messiânicos e revoltas religiosas e a Igreja não podia mais tolerar com tranqüilidade os seus rivais.
Em 1484, a bula papal de Inocêncio VIII liberou o poder da Inquisição contra a Antiga Religião. Com a publicação do Malleu,5 Maleficarum* dos dominicanos Kramer e Sprenger, em 1486, o terreno encontrava-se preparado para um reinado de terror que manteria a Europa em suas garras até a metade do século XVII. A perseguição era direcionada mais intensamente contra as mulheres: de um número estimado em nove milhões de bruxos que foram mortos,80% eram mulheres, incluindo crianças e moças, as quais, acreditava-se, haviam herdado o "mal" de suas mães. O asceticisrijo do cristianismo primitivo, que negava o universo carnal, havia degenerado, em algumas alas da Igreja, em ódio àqueles que traziarn esta sensualidade consigo. A misoginia, o ódio às mulheres, transformou-se em forte elemento no cristianismo medieval. As mulheres, que menstruam e dão à luz, eram identificadas com a sexualidade e, conseqüentemente, com o maléfico. "Toda a bruxaria advém da luxúria carnal, a qual nas mulheres é insaciável", afirmava o Malleus Maleficarum.
O terror era indescritível. Uma vez denunciada por qualquer pessoa, desde um vizinho maldoso até uma criança agitada, a bruxa sob suspeita era repentinamente presa, sem aviso prévio e não lhe era permitido que voltasse para casa. Ela era considerada culpa da até que fosse provada a sua inocência. A prática comum era desnudar a vítima, raspar-lhe os pêlos completamente na esperança de encontrar as "marcas" do diabo, as quais poderiam ser verrugas ou sardas. Com freqüência, a acusada era espetada, em todo o seu corpo, com agulhas compridas e afiadas; acreditava-se que os pontos em que o Diabo houvesse tocado fossem indolores. Na Inglaterra, a "tortura legal" não era permitida, mas os suspeitos eram privados de sono e submetidos a lenta inanidade antes de serem enforcados. No continente, toda atrocidade imaginável era praticada - a roda, os apertadores de polegares, "botas" que quebravam os ossos das pernas, surras terríveis - a lista completa dos horrores da Inquisição. Os acusados eram torturados até que assinassem confissões preparadas pelos inquisidores, até que admitissem as suas ligações com Satã e as práticas obscuras e obscenas, as quais nunca fizeram parte da verdadeira Feitiçaria.
Ainda mais cruel, eram torturados até que dessem os nomes de outras pessoas, até que a cota de treze de um coven estivesse completa. Com a confissão obtinha-se uma morte mais misericordiosa: o estrangulamento antes da fogueira. Suspeitos recalcitrantes, que sustentavam a sua inocência, eram queimados vivos.
Caçadores de bruxas e informantes eram pagos por condenações e muitos consideravam esta uma carreira lucrativa. A instituição médica masculina, em ascensão, acolheu com prazer a chance - Em geral as bruxas são mulheres. A opção pelo gênero pretende incluir os homens e não excluí-los - de eliminar as parteiras e os herbanários dos vilarejos, seus principais concorrentes econômicos. Para outros, os julgamentos de Feiticeiras davam-lhes a oportunidade de se verem livres de "mulheres petulantes" e vizinhos indesejados.
As Feiticeiras afirmam que poucos daqueles que foram julgados à época das fogueiras, na realidade, pertenciam a covens ou eram membros da Arte. As vítimas eram pessoas idosas e senis, mentalmente perturbadas, mulheres cuja aparência era desagradável ou sofriam de alguma deficiência física, beldades locais que machucaram os egos errados por terem rejeitado suas investidas ou que haviam despertado ardente desejo em um padre celibatário ou num homem casado.
Homossexuais e livres-pensadores também eram apanhados nessa mesma rede. Às vezes, centenas de vítimas eram mortas em um só dia. No bispado de Trier, na Alemanha, duas aldeias permaneceram com somente uma mulher cada, após os julgamentos de 1585.
As bruxas e fadas que podiam escaparam para terras longe do alcance da Inquisição..."